Nos devaneios da vida
Viajo pelo meu interior
Vejo que posso ser tudo
Um rei um plebeu
Ou um simples sonhador
Já fui menino de rua
Enfrentei os perigos da vida
Sem família e sem escola
Sobrevivi a fome e ao frio
hoje conto minha história
Nesta dura realidade
Mesmo sem nada entender
Superei medos, conflitos e revolta
Por ter sido abandonado
Por minha mãe tão querida
Na casa de minha família
Como objeto sem valor
Fui abandonado por minha mãe
E o mundo ela ganhou
Sem se importar com minha dor
Vivia pelos cantos da casa
Sem carinho sem amor
Ignorado por todos
Mais quando traquinagem eu fazia
De imediato me puniam
No corpo ainda trago
As cicatrizes de tamanho furor
E pra rua logo fugia
Buscando refúgio
Para amenizar minha dor
Na rua sofri bastante
Mais la eu podia sonhar
Que um dia minha mãe voltaria
Para vir me buscar
E com ela finalmente poderia ficar
E assim fui crescendo
Sem para o mal me desviar
Me orgulho muito por isso
Porque um marginal poderia me tornar
Ficaram as marcas da dor
Estas não consegui apagar
Hoje velho e cansado
Relembro meu passado
E vejo que não parei de lutar
Tenho orgulho
Do meu trabalho e do meu lar
Mas minha paz tão almejada
Não conseguir encontrar
Sozinho sigo minha vida
Com as lembranças do passado
Que tanto maltrata
Meu coração amargurado
Ser abandonado por minha mãe
Foi muito traumático pra mim
Espero um dia perdoa-la
E minha paz encontrar.
Evelyne Britto 2013
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