quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A dor de viver


Decepções, desenganos, angustias, tristezas, desencantos, fazem parte do meu cotidiano.
Hoje não me permito  nem  sonhar ,não me dou este direito pra não sofrer mais, todos os meus sonhos   de uma forma ou de outra se esvaíram ao vento ,  sonhar  não me é  mais salutar. Comparo há um punhal  cravado no peito, frio, penetrante que  se firma  dentro do ser, cortando e ferindo o corpo , a alma  enraizando e deixando cicatrizes que nunca serão removidas. 
Me falaram  que  o nascimento apesar de belo  é muito  doloroso e que ao morrer  a dor  é maior   Será?
Será que pode existir dor maior do que esta que estou sentindo?
Será que pode existir solidão maior que esta?
Será que pode existir  tristeza maior  que esta?
Será que pode existir  decepção maior que esta?
Será que existe ainda um caminho que ainda não percorrir? 
Andei por  caminhos retos e tortuosos  ,passei por montes e vales , conheci a luz e as sombras, a água e o fogo, e nada mudou.
Tudo era igual, sinistramente igual , cada passo dado, cada sonho sonhado era estupidamente falso. Nada me foi nem me é permitido,nada alem de simplesmente existir. E me pergunto? Que diferença isso  faz pra mim?
Porque tenho que mostrar ao mundo que sinto o que não sinto?
Porque tenho que falar  o que não quero falar?
Porque tenho que fazer o que não quero fazer?
Porque tenho que  sorrir quando não quero sorrir?
Porque tenho que viver quando não aprendi nem a sobreviver?
Busquei respostas pra minhas inúmeras indagações , porém cheguei a simples conclusão, foram muitos os ensinamentos ,  muitos os caminhos,  muitas as chances , os sonhos , os desejos, as renuncias.

Mais em que tudo isso me acrescentou, que diferença  e importância pode fazer pra mim, seguir adiante ?

 Sou apenas   uma pena ao vento, sem metas,  sem rumo, sem destino,jogada de La pra Cá , de Cá pra Lá enfrentando  aos mais diversificados  desafios , dependendo apenas  da  força do vento , ora  parado , ora  se movendo  devagar, ora  bailando  freneticamente ,mais sempre submissa,ao domínio de  uma força maior  da  natureza .
E assim como eu  a pena segue bailando, sem pouso e sem vida  ,sem comando próprio .
E neste baile da vida sigo  chorando  a dor de uma vida  não vivida,me restando  apenas A DOR DE VIVER

Evelyne Britto